terça-feira, 19 de julho de 2011

Relax...

Há coisas na vida que transcendem a minha compreensão.
Depois do casamento, eu e o meu pequeno, vamos viver para uma cidadezinha bem simpática à beira mar, onde reina a tranquilidade e onde convida a muitos passeios de bicla aos fins-de-semana. Pois é certo que a referida cidadezinha se encontra a 50 km de distância do Porto, onde trabalhamos, e portanto teremos que fazer essa viagem todos os dias. Se é o ideal? Pois claro que não. Para além do facto de o Porto ser a nossa cidade e onde se desenrola toda a nossa vida, está claro que preferíamos viver num local mais perto da família e do trabalho. Mas não agarrem já num lenço de papel pequeninos. Estamos bastante satisfeitos com a nossa escolha, pois depois de pesar os pós e contras decidimos ir viver para esta casa em Esposende que como é da família e servia praticamente de férias, significa ao fim do mês um grande nível de poupança (mesmo com portagens e gasolina incluídos). Poderá representar mais uns sapatinhos, ou dinheiro extra para viagens, ou para planos poupança. É uma opção temporária, até as nossas vidas profissionais não estarem mais definidas (será que alguma vez irão estar a 100%? Acho que não.) e pelo menos até percebermos onde alguns projectos nos irão levar (se dentro do país, se fora).
Mas acontece que muitas pessoas que nos rodeiam, estão muito preocupadas com a nossa situação. Preocupadas por pedirmos um crédito nesta altura da vida? Preocupadas por pagarmos uma renda altíssima no centro da cidade? Não e não. Preocupadas pelo facto de nos levantarmos mais cedo.
Sim pequeninos, leram bem. Com todas a situação dramática que os jovens hoje se deparam como empregos precários, dificuldades no acesso ao crédito, ordenados baixos, etc, etc, a preocupação connosco é por termos menos horas de sono. Chamem-me optimista, mas considero ter uma grande sorte pelo facto de ter um emprego numa área de difícil acesso (pelo menos no departamento onde trabalho) e que me realiza, não termos dívidas, nem termos que gastar uma grande quantia por mês para uma renda.
A estes argumentos acrescem os básicos, como “a vida é nossa” e o “sacrifício é nosso”, assim como a nossa postura de não criticarmos outras opções pois cada um tem que ver a sua situação e não podemos fazer comparações com situações de vida diferentes.
Mas vivemos numa altura em que muitas pessoas colocam a fasquia demasiado alta, apesar das dificuldades. Querem tudo no imediato, querem a vida perfeita sem grandes sacrifícios.
Fico pasma só de pensar que considerem um esforço fora do normal, aquele que iremos fazer pelo máximo de 1 ano. Penso no que diriam se ao invés, vivêssemos sempre no limite a contar os tostõezinhos…com certeza que descansaríamos muito mais as suas ansiedades e os tornaríamos pessoas mais felizes. Penso que por vezes, é por causa destas atitudes que a Geração à Rasca (já falado aqui) não é levada a sério. Não é estar à rasca não viver com as condições perfeitas no inicio de vida. É simplesmente o inicio de um caminho longo. Sim, temos a vida mais complicada no acesso ao mercado de trabalho, essencialmente para os licenciados, que naturalmente esperam trabalhar em àreas que investiram o tempo de faculdade. Mas o mundo está diferente do tempo dos nossos pais e não vale a pena sentarmo-nos num banquinho a sentirmo-nos Kalimeros. Temos que nos adaptar, contrariar e essencialmente não esperar tudo de uma vez. No trabalho, assim como na vida, as coisas vão-se conseguindo lentamente e com trabalho (pelo menos para a maioria dos comuns mortais!).

XoXo
 
P.

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