quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Perspectivas

Recordam-se quando aqui falei da cara de pena espelhada em algumas pessoas (nomeadamente no meu local de trabalho), quando anunciei que iria viver durante uns tempos em Esposende?
Pois que agora, penso poder falar com algum conhecimento de causa. E não é assim tão mau. Aliás, como podem constatar pelas recentes fotos, há coisas piores do que chegar a casa, ter tempo para atravessar a rua e ver o pôr do sol à beira rio, jantar na varanda à luz das velinhas e ainda ver uns 2 episódios de OC embrulhada na mantinha no sofá com o marido.
Mas mesmo assim, quando me perguntam como me estou a dar com a nova vida e respondo que “bem, obrigada, que não tenho apanhado muito trânsito, que chego em meia hora aproximadamente e ainda tenho chegado com cerca de meia hora de antecedência ao trabalho, que ao fim-de-semana é espectacular andar de bicla para todo o lado, e blá blá blá...” Resumidamente, focando-me nos aspectos positivos da coisa, que sinceramente não faço grande esforço em tentar encontrá-los, tenho do outro lado invariavelmente, as mesmas respostas.“Ah e tal, mas ainda não começaram todas as aulas nas escolas vais ver o que é o trânsito…e quando mudar o horário de verão?..e vieres de noite?...e saíres de noite?...e quando chover?...e já agora, e quando te cair um meteorito em cima durante a viagem?” Esta última, já entra na esfera do meu pensamento. Até à data ainda não foi verbalizada por ninguém. É que esta situação só me deixa a pensar. E aquelas pessoas que não têm carro e levantam-se às 5 da matina e arranjam os filhos e ainda se metem na carreira da terrinha até à cidade para trabalhar mais de 12 horas por dia e chegam a casa e os filhos já estão na cama a dormir?
Não sei, mas parece-me bem pior. E com certeza, muitas destas pessoas nem se queixam muito. E se se queixam, tentam focar-se nas coisas boas das suas vidas para ultrapassar as dificuldades.
A questão é que muita gente pensa que o seu mundo tem que ser perfeito para se sentir feliz. E eu cá continuo a achar que para tudo é preciso perspectivar a coisa. É chato neste momento viver a 50 kms do trabalho? É. Principalmente nos dias em que quando saímos do trabalho ainda vamos tirar pós-graduações, ele para a faculdade de economia do Porto, eu para a Católica, pólo de gestão. As minhas aulas ainda não começaram, mas já tenho uma pequena ideia do que irei ouvir por aqui…que enlouqueci, por certo! Pois pintam a minha vida como o expoente máximo do sacríficio.
E eu, das duas uma, ou sou uma grande optimista, ou considero realmente a minha vida bastante boa no contexto actual em que vivemos. E ainda tenho a sorte de conseguir morar com o meu marido, coisa que começar a ser rara nos dias que correm, em que um arranja trabalho na Conchichina e outro fica por cá, porque arranjou emprego.
E esta, hem?
Dá que pensar.

XoXo
 
P.

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